Querido leitor do Os Santos Online, seja bem-vindo a uma jornada de descoberta e fé sobre um dos pilares mais importantes da identidade espiritual do Rio de Janeiro. Quando pisamos nas ruas da Cidade Maravilhosa, quando contemplamos o Pão de Açúcar ao longe e sentimos a brisa do mar acariciando nosso rosto, talvez não nos perguntemos: quem é aquele que silenciosamente protege estas terras tão queridas há séculos? Qual é o santo padroeiro que guarda a alma carioca?
Neste artigo, vamos desvendar essa história fascinante que entrelaça fé, história e a própria identidade do povo carioca. Você descobrirá não apenas quem é o padroeiro do Rio de Janeiro, mas também compreenderá por que este santo se tornou tão importante para milhões de devotos ao longo dos séculos. Vamos juntos explorar a vida de um mártir extraordinário, a fundação lendária de nossa cidade e como essa conexão espiritual permanece vibrante até os dias de hoje.
Qual é o Santo Padroeiro do Rio de Janeiro?
A resposta é clara e significativa: São Sebastião é o santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. Mas para compreender completamente esta resposta, precisamos mergulhar um pouco mais fundo em sua história. O padroeiro do Rio de Janeiro é celebrado solene e devotamente a cada 20 de janeiro, data que marcou momentos decisivos na história da cidade e que continua sendo um feriado municipal repleto de significado espiritual.
Porém, há uma informação importante e mais recente que devemos mencionar: em 2019, através de uma lei estadual assinada pelo então governador Wilson Witzel, São Jorge foi oficializado como co-padroeiro do Rio de Janeiro, reconhecendo a devoção popular que já o cercava há séculos, especialmente entre os devotos das religiões africanas e os militares da cidade. Assim, temos dois santos padroeiros do Rio de Janeiro, cada um com sua história particular e seu simbolismo único.
Mas é São Sebastião quem permanece como o padroeiro principal, aquele cuja história está intrinsecamente ligada aos próprios alicerces da cidade. Sua vida extraordinária, marcada pelo martírio e pela coragem, tornou-se espelho e inspiração para gerações de cariocas que enfrentam as dificuldades com fé e esperança.
Conhecendo São Sebastião: O Mártir Guerreiro
Para compreender verdadeiramente por que São Sebastião é padroeiro do Rio de Janeiro, precisamos conhecer quem foi este homem extraordinário. Sua história é tão fascinante quanto inspiradora, repleta de milagres, coragem e uma fé inabalável que desafia o tempo.
O Nascimento e a Vida Inicial
São Sebastião nasceu por volta de 250 depois de Cristo, em um período em que o Império Romano estava em seu apogeu, mas também em seus momentos mais contraditórios. Havia intensas discussões sobre seu local de nascimento: alguns historiadores apontam Milão, na Itália, enquanto outros sustentam que foi em Narbona, na França. O que é certo é que ele cresceu em um ambiente de privilégio relativo, mas um privilégio que ele escolheria voluntariamente abandocar em favor de algo muito maior: a fé em Jesus Cristo.
Desde jovem, Sebastião mostrou características que o diferenciariam de seus contemporâneos. Era inteligente, corajoso e possuía uma beleza física notável que lhe abriu as portas dos círculos mais altos da sociedade romana. Ele se tornou soldado do exército imperial, uma posição de prestígio e poder. Mas, diferentemente de muitos de seus companheiros, Sebastião carregava em seu coração uma fé ardente que o guiava em cada decisão.
O Soldado que Defendia os Cristãos
Aqui reside um dos aspectos mais tocantes da vida de São Sebastião: apesar de servir ao Imperador Diocleciano—um homem que, ironicamente, seria um dos maiores perseguidores de cristãos da história—Sebastião usava sua posição de privilégio para proteger aqueles que sofriam por sua fé. Imagine a coragem que isto exigia! Um soldado, em posição de autoridade dentro do próprio exército imperial, trabalhando secretamente para salvar cristãos da execução.
A amizade entre Sebastião e Diocleciano era genuína. O imperador o amava e confiava nele, o que tornava a situação ainda mais complexa. Sebastião vivia uma tensão constante entre sua lealdade ao imperador e sua lealdade a Cristo. Ele usava sua proximidade com o poder para realizar atos de misericórdia que eram revolucionários para seu tempo.
Registra-se que Sebastião foi instrumental na conversão de dois prisioneiros notáveis: Cromácio e Tibúrcio. Através de sua palavra, sua vida exemplar e sua fé inabalável, estes homens vieram a aceitar Jesus Cristo como seu Salvador. Muitos outros cristãos foram salvos de tormentos e morte através de sua intervenção silenciosa e corajosa.
Mas nada permanece escondido para sempre. A verdade sobre a fé cristã de Sebastião eventualmente chegou aos ouvidos de Diocleciano.
O Martírio: O Primeiro Sacrifício
O momento chegou quando Diocleciano descobriu a verdadeira fé de seu querido Sebastião. A reação foi devastadora. Sebastião foi condenado ao suplício das flechas—uma das mortes mais cruéis concebidas pela criatividade dos romanos. Ele foi amarrado a uma árvore enquanto arqueiros disparavam suas flechas contra seu corpo, um após outro, em um ataque metódico e cruel.
A imagem de São Sebastião coberto de flechas se tornou tão icônica que perdura até hoje na arte religiosa. Não é apenas um símbolo de martírio, mas de resistência. As flechas perfuram seu corpo, mas não conseguem penetrar sua alma, sua determinação, sua fé.
O que aconteceu a seguir é o que muitos chamam de milagre: Sebastião sobreviveu ao ataque. Quase morto, perto da morte, ele foi encontrado por uma piedosa mulher chamada Irene, que cuidou de suas feridas e, miraculosamente, conseguiu restaurar sua saúde. Aqui vemos não apenas um milagre físico, mas um símbolo profundo: nem a morte conseguiu conquistar Sebastião. A fé triunfa sobre a violência.
O Segundo Martírio e a Morte Definitiva
Mas a história não termina com a recuperação. Quando Diocleciano soube que Sebastião havia sobrevivido e, pior ainda, que continuava pregando e convertendo pessoas à fé cristã, sua ira foi inconsolável. Desta vez, não haveria possibilidade de escape.
São Sebastião foi novamente levado diante do imperador. Desta vez, a sentença foi executada de forma diferente: foi espancado até a morte com paus e açoites. No dia 20 de janeiro do ano 288, após sofrer torturas indescritíveis, Sebastião finalmente entregou sua alma a Deus. Seu corpo foi jogado na cloaca máxima de Roma, aquela escura vala onde corpos de cristãos eram frequentemente descartados.
Porém, seus restos foram recuperados por cristãos devotos e, após a conversão de Constantino e a legalização do cristianismo, sua memória e seus restos foram honrados na construção da Basílica de São Sebastião em Roma, que perdura até hoje.
O Protetor Contra Pragas e Males
Após sua morte, a veneração de São Sebastião cresceu exponencialmente através dos séculos. Particularmente poderosa foi sua reputação como protetor contra as pestes e doenças. Registra-se que em 680 depois de Cristo, quando uma terrível praga assolou Roma, a população se voltou para São Sebastião em oração. Diz-se que, através de sua intercessão, a praga cessou e a cidade foi salva. Este evento cementereu sua posição como protetor especial contra doenças, fome, morte e guerra.
Toda essa história não é apenas uma narrativa histórica bonita. É um convite à reflexão: que tipo de coragem São Sebastião exemplificou? Como sua fé permaneceu inabalável diante da morte? Estas são questões que ainda ressoam em nossos corações hoje.
Veja também: História Completa de São Sebastião
Por Que São Sebastião Virou Padroeiro do Rio de Janeiro?
A conexão entre São Sebastião e o Rio de Janeiro é profunda e multifacetada. Ela começa com a própria fundação da cidade e uma série de eventos que muitos consideram milagrosos.
A Fundação Gloriosa (1º de Março de 1565)
Precisamos regredir no tempo até o século XVI, quando o Brasil era uma colônia portuguesa ainda em consolidação. Rio de Janeiro havia sido frequentado por franceses que estabeleceram uma presença ameaçadora na região. Os portugueses viam isto como uma ameaça territorial e comercial. Foi então que Estácio de Sá, um homem de coragem e fé, foi enviado para expulsar os franceses e estabelecer um forte português permanente na região.
No primeiro dia de março de 1565, Estácio de Sá fundou a cidade, inicialmente chamada de "São Sebastião do Rio de Janeiro". Esta denominação dupla é significativa. Primeiro, estava homenageando São Sebastião, o santo guerreiro e protetor. Segundo, estava prestando homenagem ao Rei Dom Sebastião de Portugal, que era jovem na época e representava a esperança e a juventude do reino português.
Imagine a fé de Estácio de Sá naquele momento. Ele vinha para uma região hostil, enfrentaria inimigos, e sua primeira ação foi nomear a cidade em honra a um santo guerreiro que havia sofrido, resistido e triunfado através de sua fé. Não era coincidência. Era uma declaração de fé.
A Lenda da Batalha das Canoas (20 de Janeiro de 1567)
Mas o evento que verdadeiramente cimentou São Sebastião como padroeiro do Rio de Janeiro ocorreu apenas dois anos depois. Em 20 de janeiro de 1567—exatamente a data da morte de São Sebastião no calendário cristão—ocorreu o que ficou conhecido como a Batalha das Canoas ou Batalla das Canoas.
Nesta batalha dramática, os portugueses enfrentavam uma coligação de franceses e indígenas tamoios que queriam reconquistar o território. A situação era desesperadora. Os portugueses estavam sendo superados em número. A derrota parecia iminente. Tudo parecia estar perdido.
E é aqui que a lenda entra em cena, uma lenda que se tornou parte da identidade espiritual da cidade. Muitos relatos da época descrevem que, no momento crítico da batalha, uma figura radiante foi avistada acima do campo de batalha—alguns dizem que era um homem com uma espada resplandecente, outros descrevem uma luz celestial. A maioria dos historiadores religiosos interpreta isto como uma aparição ou manifestação espiritual de São Sebastião.
Seja qual for a explicação racional para o evento, o resultado foi inegável: os portugueses, inspirados e revigorados, conseguiram virar a maré da batalha. Os franceses e seus aliados foram repelidos. A cidade foi salva. E Portugal estabeleceu sua presença permanente no Rio de Janeiro.
Dali em diante, na mentalidade coletiva do povo carioca, São Sebastião não era apenas um santo histórico, mas um protetor vivo, presente, intervindo nos momentos críticos de sua cidade. A sincronização entre a data da batalha (20 de janeiro) e a data da morte de São Sebastião no calendário cristão não foi vista como coincidência—foi vista como providência divina.
Os Primeiros Templos e a Presença Permanente
Logo após a Batalha das Canoas, em reconhecimento à proteção divina, os portugueses construíram o primeiro templo dedicado a São Sebastião no Rio de Janeiro. A estrutura inicial era humilde—construída de taipa coberta de sapé—mas o que lhe faltava em magnificência, compensava em significado espiritual.
Este templo original foi construído em 1568, apenas três anos após a fundação da cidade. Sua localização era estratégica: no Morro Cara de Cão, que oferecia uma visão privilegiada da baía e da cidade que se desenvolvia. Era como se São Sebastião montasse guarda sobre sua cidade.
Ao longo dos séculos, a estrutura da capela foi melhorada e expandida. As construções foram sendo refinadas, os adornos aumentados, mas a essência permanecia: um lugar de proteção e devoção. A Igreja de São Sebastião se tornou não apenas um prédio, mas um símbolo vivo da relação entre o povo carioca e seu protetor celestial.
Em 1922, a Igreja foi transferida para a Tijuca, onde permanece até hoje, mantendo acesa a chama da devoção histórica. Em seu interior, segundo relatos, encontram-se relíquias sagradas—ossos do próprio santo mártir e até restos mortais de Estácio de Sá, o fundador da cidade, adicionados em 1931.
O Sincretismo Espiritual: São Sebastião e Oxóssi
Agora, precisamos abordar um aspecto da história que é frequentemente ignorado, mas que é absolutamente essencial para compreender a verdadeira identidade espiritual do Rio de Janeiro: o sincretismo religioso.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil e estabeleceram a cidade do Rio, trouxeram consigo não apenas a fé católica, mas também escravizados africanos que traziam suas próprias tradições espirituais. As religiões africanas—especialmente as tradições yorubá que evoluíram para o que conhecemos hoje como Candomblé e Umbanda—encontraram no Rio um solo fértil para se desenvolver.
Neste processo de encontro (e frequentemente, de conflito e sincretismo), a figura de São Sebastião adquiriu uma dimensão adicional. Na cosmovisão das religiões africanas, existe um orixá guerreiro conhecido como Oxóssi, protetor das florestas, das caçadas e da sustentância. As características de Oxóssi—coragem, proteção, resiliência—encontraram um espelho perfeito na história de São Sebastião.
Assim, muitos devotos das religiões africanas começaram a honrar São Sebastião como manifestação de Oxóssi. Não como uma substituição, mas como uma compreensão diferente da mesma força espiritual. O dia 20 de janeiro se tornou, assim, não apenas uma celebração católica, mas também uma celebração de todas as expressões de espiritualidade que coexistem na cidade.
Este sincretismo é profundamente importante porque mostra que São Sebastião transcende fronteiras religiosas. Ele pertence não apenas aos católicos, mas a todos os que buscam proteção, coragem e inspiração espiritual. Isto é parte do que faz o Rio de Janeiro tão especial: uma cidade onde diferentes tradições espirituais podem coexistir e até mesmo se enriquecer mutuamente.
A Devoção ao Padroeiro Hoje: São Sebastião na Modernidade
Séculos se passaram desde a Batalha das Canoas. A cidade mudou dramaticamente. Os edifícios de taipa deram lugar a arranha-céus. As velas das caravelas deixaram o porto há muito tempo. Mas a devoção a São Sebastião como padroeiro do Rio de Janeiro não apenas permanece—ela prospera e evolui.
O Feriado Municipal de 20 de Janeiro
Cada 20 de janeiro, a cidade inteira se anima com uma celebração única. É feriado municipal—um reconhecimento oficial e permanente da importância de São Sebastião para a cidade do Rio de Janeiro. Diferentemente do aniversário da cidade (1º de março), que é celebrado de forma mais administrativa, o Dia de São Sebastião é repleto de fé, devoção e emoção genuína.
Neste dia, igrejas em toda a cidade abrem suas portas para missas especiais. A Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos, localizada na Tijuca, é particularmente movimentada. Devotos se reúnem ali antes do amanhecer, esperando o início das celebrações. Não é apenas a multidão que impressiona, mas a genuinidade da devoção.
As procissões que saem da Igreja dos Capuchinhos e viajam até a Catedral Metropolitana são impressionantes. Milhares de cariocas, vestidos em suas melhores roupas, carregando velas acesas, cantando hinos tradicionais, caminham pelas ruas da cidade em honra ao seu padroeiro. Há uma qualidade temporal nesta procissão—é como se séculos de história se desenrolassem diante de seus olhos.
Tradições Vivas e Celebrações Populares
Além das celebrações religiosas formais, há uma série de tradições populares que mantêm viva a memória de São Sebastião no coração carioca. A Corrida de São Sebastião, por exemplo, é um evento atlético que acontece no Aterro do Flamengo próximo ao dia 20 de janeiro, unindo o desporto e a devoção de forma única.
Há também uma série de festividades menores em bairros e comunidades por toda a cidade. Em favelas, nos subúrbios, em edifícios de luxo, a devoção é universal. Pessoas deixam velas acesas nas imagens do santo. Outras rezam pedindo proteção contra a violência, doença, e sofrimento. São pedidos honestos de gente honesta, procurando no santo um intercessor diante de suas dificuldades.
O que muitos percebem—mas que raramente é dito em voz alta—é que São Sebastião representa o sofrimento particular do Rio de Janeiro. É uma cidade que enfrenta desafios únicos: violência urbana, pobreza, criminalidade. E São Sebastião, com suas flechas cravadas no corpo, com seu martírio, torna-se um símbolo de esperança para aqueles que sofrem. Ele diz: "Eu também sofri. Eu também fui ferido. Mas não perdi minha fé. E você também não precisa perder a sua."
A Presença na Identidade Cultural Carioca
É fascinante como São Sebastião permeia a cultura carioca de formas que frequentemente passam despercebidas. Na música, por exemplo, há referências sutis e diretas. O próprio Tom Jobim e João Gilberto, gigantes da bossa nova carioca, tocaram em temas de fé e espiritualidade que ecoam a devoção profunda do povo à cidade.
Há também a dimensão física: imagens de São Sebastião aparecem em altares domésticos, em pequenos santuários nos táxis, nas paredes das igrejas. Estas não são apenas decorações religiosas, mas marcadores de identidade—maneiras pelas quais os cariocas dizem: "Somos um povo protegido, um povo que acredita, um povo que enfrenta nossas dificuldades com fé."
São Jorge: O Co-Padroeiro e Seu Significado
Para compreender completamente o panorama espiritual do Rio de Janeiro, precisamos falar sobre a incorporação relativamente recente de São Jorge como co-padroeiro da cidade.
A Lei de 2019 e a Oficialização
Em 2019, o governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, sancionou uma lei que oficializava São Jorge como co-padroeiro do Rio de Janeiro. Esta lei foi proposta pelos deputados estaduais André Ceciliano e Gustavo Schmidt, e reconhecia uma devoção que já existia de forma não oficial há séculos.
Por que São Jorge? A razão é profunda e multifacetada. Primeiro, porque há uma tradição popular muito forte de veneração a este santo na cidade. Segundo, porque São Jorge é especialmente venerado pela polícia e pelos militares do Rio de Janeiro, que veem nele um símbolo de proteção e coragem. Terceiro, e importante notar, porque São Jorge também é venerado nas religiões africanas como relacionado ao orixá Ogum, o guerreiro divino.
O Simbolismo de São Jorge
São Jorge é tipicamente representado a cavalo, derrotando um dragão com sua lança. É uma imagem de ação, de triunfo sobre o mal, de coragem em ação. Enquanto São Sebastião é passivo em seu martírio—recebe as flechas, sofre, mas permanece firme—São Jorge é ativo, ofensivo, derrota ativamente o inimigo.
Ambos os santos representam proteção, mas de formas diferentes. São Sebastião nos ensina como enfrentar o sofrimento com dignidade e fé. São Jorge nos ensina como enfrentar o mal com coragem e ação decidida. Juntos, formam um simbolismo completo: não apenas uma fé passiva que aceita o sofrimento, mas também uma fé ativa que se opõe ao mal.
A Coexistência de Dois Padroeiros
Assim como a história do sincretismo religioso mostra que diferentes tradições espirituais podem coexistir e se enriquecer no Rio, a presença de dois padroeiros também reflete esta realidade multifacetada. O Rio de Janeiro é uma cidade complexa, com múltiplas camadas de significado espiritual. Não é redutível a uma única narrativa, um único santo, uma única forma de fé.
Portanto, quando você ouve alguém no Rio de Janeiro falar sobre o padroeiro da cidade, entenda que a resposta completa inclui ambos: São Sebastião como o padroeiro tradicional e principal, e São Jorge como co-padroeiro, representando uma compreensão mais expansiva e inclusiva da espiritualidade carioca.
Como Rezar a São Sebastião: Ferramenta de Devoção Prática
Agora que compreendemos a história e o significado de São Sebastião como padroeiro do Rio de Janeiro, podemos abordar algo prático: como devotos honram e rezam a este santo em suas vidas diárias.
A Oração Tradicional
Existe uma oração tradicional dedicada a São Sebastião que tem sido rezada por séculos:
"Santo Sebastião, glorioso mártir, soldado invencível de Cristo, cheio de fortaleza e de coragem, vós que não temestes os tormentos nem as flechas dos infiéis, intercedei por nós junto ao trono de Deus, para que recebamos a força de que vós nos dais o exemplo, a fim de que nos livremos de todos os males e perigos, especialmente da violência, da doença e da morte. Amém."
Esta oração é recitada por muitos católicos cariocas, especialmente no dia 20 de janeiro, mas também em momentos de necessidade e dificuldade ao longo do ano.
Quando e Por Que Rezar a São Sebastião
São Sebastião é invocado em várias situações específicas:
Quando enfrentamos problemas de saúde, particularmente aqueles que envolvem sofrimento físico ou risco de vida, muitos se voltam para São Sebastião. Sua experiência com o martírio e a dor dá àqueles que sofrem um sentimento de que ele compreende seus problemas.
Quando a cidade enfrenta violência e insegurança, como infelizmente frequentemente acontece no Rio de Janeiro, residentes rezam a São Sebastião buscando proteção e paz. O santo, que enfrentou perseguição e violência, se torna um intercessor natural.
Em momentos de profunda angústia espiritual, quando alguém sente que sua fé está sendo testada ou ameaçada, muitos se voltam para São Sebastião como um exemplo de fé que permanece firme mesmo diante das circunstâncias mais difíceis.
A Intenção da Reza: Sinceridade e Fé
Um aspecto importante da tradição católica é que a reza não é uma fórmula mágica. Não se trata simplesmente de recitar palavras e esperar que milagres aconteçam. Trata-se de sinceridade, fé genuína e disposição de atuar em harmonia com aquilo pelo qual se reza.
Quando alguém reza a São Sebastião por cura, combina-se a oração com ações: segue-se o conselho médico, cuida-se do corpo, mantém-se esperança. Quando se reza por proteção contra violência, combina-se a oração com ações sensatas de segurança pessoal e comunitária. A fé não é passiva—é uma parceria entre a ação humana e a graça divina.
A Relevância Contemporânea: Por Que São Sebastião Ainda Importa
Pode parecer estranho, em um mundo tão moderno e secularizado, que milhares de pessoas ainda se sintam conectadas com um santo que viveu no século III. Mas há várias razões pelas quais São Sebastião permanece profundamente relevante para os cariocas contemporâneos.
Primeiro, porque a dor e o sofrimento não desapareceram. Se algo, eles se intensificaram e se complexificaram. As pessoas ainda sofrem, ainda enfrentam perseguição (agora sob formas diferentes), ainda buscam significado em suas dificuldades.
Segundo, porque a coragem não mudou. A coragem que São Sebastião exemplificou—a coragem de manter-se firme em suas crenças mesmo diante de perseguição, a coragem de agir em favor dos outros, a coragem de não ceder à desesperança—estas formas de coragem são tão necessárias hoje quanto há 1.700 anos.
Terceiro, porque o sentimento de comunidade permanece importante. Quando os cariocas se reúnem no dia 20 de janeiro para celebrar São Sebastião, eles não estão apenas celebrando um santo histórico. Estão se conectando uns aos outros, reafirmando valores comuns, participando de algo maior que eles mesmos. Isto é profundamente humano e profundamente importante.
Conclusão: São Sebastião no Coração Carioca
Querido leitor, nossa jornada pela história e significado de São Sebastião como padroeiro do Rio de Janeiro nos leva a uma conclusão importante: este não é apenas um relacionamento histórico, é um relacionamento vivo.
São Sebastião continua protegendo as ruas do Rio de Janeiro. Ele permanece no coração de milhões que enfrentam dificuldades com esperança. Sua história de martírio e coragem ressoa porque toca algo profundo e verdadeiro em nós—a capacidade de resistir, de acreditar, de permanecer humano mesmo diante das circunstâncias mais desumanizantes.
A Cidade Maravilhosa tem muitos nomes e muitas histórias, mas há uma constante: o povo carioca é um povo que acredita. Acredita em algo maior que si mesmo. Acredita na importância da coragem, da resiliência, da fé. E tudo isto está encapsulado na figura de São Sebastião, o guerreiro que sofreu, o mártir que permaneceu firme, o protetor que continua guardando sua cidade.
Que este artigo tenha tocado seu coração e aprofundado sua compreensão sobre o santo padroeiro do Rio de Janeiro. Que você sinta uma conexão renovada com esta tradição espiritual que une séculos, gerações, e diferentes expressões de fé.
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Que a proteção de São Sebastião cubra você, sua família e toda a Cidade Maravilhosa.
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